quinta-feira, 28 de junho de 2012

N`Golo ( Dança da Zebra )


 Ocorre durante o período da Efundula (chegada da puberdade) em uma tribo localizada ao sul de Angola chamada Mucope. Também conhecido como dança das zebras, é assim chamado em referência ao período de acasalamento desses animais em que os machos disputam suas fêmeas com coices, cabeçadas e mordidas. Trata-se de uma disputa entre dois jovens circulados por outros, que disputam numa luta, com golpes semelhantes aqueles desferidos pelas zebras. Aquele que melhor se sair ganha o direito de escolher sua esposa e não precisa pagar o dote.
 Seria aqui a base de nossa teoria de como pode ter surgido à capoeira.
 Após a chegada no Brasil como escravos, para que fosse preservada a cultura do N’golo, usaram uma estratégia para que não fossem reprimidos pelos capatazes que ao vê-los trocando golpes dentro da senzala, imediatamente pensariam que se tratava de uma briga e com certeza seriam punidos com castigos corporais que poderiam ser: chibatadas, mutilações ou até a pena de morte. Então, para dispersar a atenção dos capatazes incluíram as palmas, cânticos, e a ginga para que tivesse uma aparência de dança, uma diversão entre os escravos. As palmas então foram o primeiro instrumento da capoeira. 
 Não se sabe precisar quando foram introduzidos os instrumentos na Capoeira, devido à falta de registros. Sabe-se que o berimbau somente foi incluído na capoeira no século XX e que antes era usado por vendedores ambulantes para chamar a atenção da freguesia. Quando os capatazes olhassem aquilo pensariam: “É apenas uma dança de negro”.  E enquanto os escravos estivessem distraídos com suas tradições, a paz era mantida nas fazendas. Há uma hipótese de que os escravos dentro das senzalas eram mantidos com suas mãos acorrentadas, o que justificaria o motivo dos golpes da capoeira serem em sua maioria aplicados com os pés, mas isso é somente uma teoria.   

Com o Passar do Tempo.


A ginga, os cânticos e as palmas já haviam se incorporado à prática do N’golo, deixando o seu caráter cerimonial e adquirindo uma nova característica que era a de uma espécie de jogo ou luta. Possivelmente daqui pode ter originado o termo Capoeira. Caa-puera em Tupi Guarani significa “mato rasteiro” – supostamente a vegetação nos arredores das fazendas. O que depois viria também a denominar o próprio escravo fugido.  Quando um escravo fugia da fazenda diziam os portugueses: foi pra capoeira, fugiu pra capoeira. Embora possa estar errado, não acredito na hipótese de que os escravos praticassem o que seria chamado de capoeira nos terrenos que recebem o mesmo nome, pois acredito que os escravos não tinham regalias como, horário de almoço ou de descanso. Era da senzala pro trabalho forçado e daí pra senzala. Não tinham tempo livre para nada a não ser quando eram trancados nas senzalas à espera de mais um exaustivo dia.
 Os quilombolas, percebendo que poderiam usar as habilidades adquiridas nesta prática contra a opressão do regime escravagista, se tornaram temidos entre os capatazes que cada vez mais tinham dificuldade em capturá-los. Há relatos de soldados portugueses, dizendo que se defendiam com “estranha técnica de ginga, pernas, cabeça e braços.” Embora em menor número e armas muito inferiores às dos capitães-do-mato, foram necessários dezoito grandes ataques para exterminar o quilombo dos Palmares. Outros relatos dizem que foi mais difícil exterminar os quilombolas do que os Holandeses durante sua invasão.
 Os primeiros relatos sobre a capoeira datam da segunda metade do século XIX, quando surgiram as “maltas de capoeira”. Grupos de capoeiras que se reuniam em bares e prostíbulos e que dominavam diversos bairros e freguesias do Rio de Janeiro. Armados de navalhas, porretes e com uma destreza corporal incrível os capoeiras aterrorizavam a sociedade da época e tanto fizeram até que fosse decretada pelo Marechal Deodoro da Fonseca em 1890, a proibição da prática denominada “Capoeiragem” sob o decreto 487, sendo considerada prática subversiva, com pena de deportação para a ilha de Fernando de Noronha e penas corporais. O que causou uma forte repressão que quase causou a extinção da capoeira no Rio de Janeiro.   Somente em 1930 o Presidente Getúlio Vargas legalizou a capoeira, a reconheceu como luta nacional brasileira e, posteriormente, oficializou sua prática através do Ministério da Educação. Em 09 de julho de 1937, Manoel dos Reis Machado, Mestre Bimba (1900-1974), consegue o registro de sua academia pela Secretaria de Educação, Saúde e Assistência Pública, sendo a primeira a ser reconhecida no país. 
 Desde então a capoeira vem crescendo e se espalhando pelo mundo afora, divulgando e promovendo a nossa cultura, que todos nós temos obrigação de preservá-la para que não aconteça igual a muitos movimentos culturais que estão perdendo sua raiz e se descaracterizando ou até caído no esquecimento.

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